Leitura na Calçada
“Era uma vez... começo,
desenvolvimento e permanência do Projeto Leitura na Calçada. Em Pompéu, Minas
Gerais, a Professora Edméia Faria e crianças descobrem a vida pelo sonho,
ouvindo histórias, lendo histórias, desde pequenininhas, mesmo que nem saibam
ainda falar... A difícil linguagem adulta.”(Pascoal MOTTA, 2000)
Isso
teve início em 1992. Edméia descia a rua numa de suas caminhadas diárias. A
professora caminhava isenta da pressa do mundo, que atropela os sentimentos, os
sonhos, a imaginação; a razão, o homem, a vida. “Vou devagar e só, porque tenho um encontro marcado comigo mesma. Não
posso me perder.” conta. Nesse jogo, “brincando
de esconde-esconde com o sol se pondo e de ser múltipla com as nuvens que se
transformam”, aconteceu o primeiro
encontro com as crianças, que a observam e, agora, se aproximam da caminhante, pedindo
dinheiro, bala, brinquedo. São crianças pequenas e pobres, entre 2 e 6 anos,
que ficam brincando ou perambulando pelas ruas. “Dinheiro não tenho,” responde a
professora,” mas tenho outra coisa
que vocês vão gostar: sei contar
histórias. Querem ouvir?” A professora conta uma história. E segue. No dia
seguinte, voltam as crianças. Não mais pedem dinheiro. Pedem história. E a
professora interrompe sua caminhada para sentar embaixo de uma árvore, com 5 ou
6 crianças, para contar outra história. E escutar seus companheirinhos que
também contam suas histórias. De vida.
Toda
tarde, as crianças vêm trazendo outras crianças. Mães vêm com bebês no colo,
vêm meninas de dez anos com irmãozinho nos braços e todos vão rodeando a
professora que as vai encantando com fábulas, contos, histórias. Aos poucos,
entram as canções, as brincadeiras de roda, a vontade de desenhar, a leitura. E
assim surge “Leitura na Calçada”, projeto construído, dia a dia, coletivamente,
com as crianças.
Essa
atividade espontânea, aos poucos, foi-se ampliando sem perder suas características lúdicas e afetivas; privilegiando o espaço rua e a criança pequena,
de baixa renda.
Depois
da sessão de história, as crianças levam livros para casa e pedem a suas mães
que leiam para elas. Os pais, os irmãos mais velhos, os vizinhos, até o “rapaz do bar” entram nesta ciranda. E
vão construindo com o livro ponte de afeto entre o adulto, a criança e seus
pares; aprendendo a convivência, o respeito, a solidariedade; construindo o
sonho da criança cidadã, escrevendo uma história de amor com final feliz, além
de alimentar a fantasia, despertar a criatividade e o gosto pela leitura e
escrita.
Hoje,
o projeto é acontecimento do cotidiano da cidade. E a leitura, mais que um
hábito, é um prazer para essa crianças pobres do interior de Minas, uma
oportunidade de desenvolver a auto-estima, de lidar com os conflitos e,
sobretudo, de acreditar na solidariedade humana.
Edméia,
com “Leitura na Calçada,” reinventa a esperança.
Sua
experiência comprova que, para ajudar, basta ter vontade. Há possibilidades
alternativas, além do trabalho institucional da Escola, mais eficientes,
talvez, no resgate da educação infantil.
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