sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Contos de Fadas uma Dádiva de Amor


Conto de fadas

Uma Dádiva de Amor

Edméia Faria


Condenados e abolidos da vida da criança por pais e educadores, durante muito tempo, sob a alegação de falsos e selvagens, os contos de fadas são, segundo Bruno Betelhein, conceituado psicanalista austríaco, uma dádiva de amor.
Enquanto divertem, ensina o educador e terapeuta, essas histórias carregadas de símbolos esclarecem a criança sobre si mesma e favorece o desenvolvimento da personalidade, uma vez que lidam, de forma literária, com os problemas básicos da vida, especialmente os inerentes à luta pela aquisição da maturidade.
A criança ainda não pensa racionalmente. A sua realidade é a fantasia. Daí a necessidade de nutri-la, para que não lhe falte a esperança, sem a qual não há forças para enfrentar as adversidades da vida. Esta, na lição do grande mestre da psicanálise infantil, a grande contribuição dos contos de fadas: oferecer o consolo e a esperança para o futuro. Apesar do drama apresentado, apesar dos conflitos e de todas as ansiedades vividas pela personagem, não há dúvida quanto ao final feliz. O conto de fadas diz à criança que  “embora existam bruxas, nunca se esqueçam que também  existem boas fadas, muito mais poderosas.” Essa segurança imaginária experimentada por tempo suficiente permite à criança desenvolver o sentimento de confiança na vida. Sentimento este de que ela necessita para crer em si mesma, para que aprenda resolver os problemas da vida através de suas próprias e crescentes habilidades racionais.
Conferir novamente aos contos de fadas folclóricos o papel central na vida da criança, que tiveram durante séculos, é ajudá-la a encontrar significado na vida. É, portanto, uma dádiva de amor.

Bibliografia
BETELHEIN, Bruno – A Psicanálise dos Contos de Fadas – Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1986.